Aviso Sobre o Texto a Seguir(Clique para ver)
Nesta republicação, resgatamos o “Manifesto Espíritas em defesa da Democracia”, publicado pela Associação Brasileira de Pedagogia Espírita por Dora Incontri, datado de 28 de março de 2016, com o intuito de preservar um importante registro histórico. Esclarecemos que a divulgação deste documento se dá exclusivamente por seu valor histórico e cultural, sem que isso signifique um endosso ou a assunção de responsabilidade pelos sentimentos e opiniões nele contidos. Nosso objetivo é fomentar a reflexão crítica sobre o contexto político, social e educacional da época, permitindo que o debate se desenvolva com base em uma compreensão mais ampla dos desafios e anseios daquele período. Em março de 2016, o Brasil atravessava um período de intensa turbulência política e econômica, inserido na era da Nova República, consolidada após o fim da Ditadura Militar. Naquele momento, o país vivia um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, cenário que ampliou a polarização política e despertou debates profundos sobre a qualidade da democracia, a integridade das instituições e os rumos para a retomada do crescimento econômico. Esse ambiente de incerteza e transformação foi marcado por tensões entre diferentes setores da sociedade.O Espiritismo, conforme os ensinamentos de Allan Kardec, tem um campo próprio de atuação, voltado à moral, ao progresso espiritual e à fraternidade, sem constituir um sistema particular de política, legislação ou economia social. No entanto, alguns grupos e indivíduos, em meio às circunstâncias daquele momento histórico, optaram por se posicionar politicamente. Essa escolha, ainda que legítima do ponto de vista individual, não representa a doutrina espírita, que, conforme orientações do próprio Kardec, deve manter-se distante de disputas políticas e de temas que possam gerar divisões entre seus adeptos.
Manifesto
DORA INCONTRI | 28.03.2016
Diante da encruzilhada histórica em que o Brasil se encontra, compete-nos tomar uma posição firme em defesa de alguns valores essenciais para todos nós, filhos e filhas desta terra, de que tantos reclamam, que tantos depreciam, mas que é nossa pátria comum e onde enraizamos nossos projetos existenciais, nossa cidadania, nossos afetos e nossos sonhos. Nação que, acima de tudo, requer nosso empenho para que patamares efetivos de paz social se façam, para que a justiça possa brilhar límpida e para que a fraternidade se concretize em ações e transformações individuais, sociais, institucionais, políticas e econômicas.
Nós, abaixo assinados, integrantes do movimento espírita brasileiro, aqui representados institucionalmente pela Associação Brasileira de Pedagogia Espírita, queremos deixar claro nosso posicionamento diante das graves circunstâncias históricas em que estamos inseridos neste momento:
1) Sabemos das deficiências da democracia que, em toda parte do mundo, funciona impulsionada por interesses econômicos, por jogos de poder, manipulada por uma mídia corporativa, que também integra essa partilha econômica. Mas apesar dessas deficiências, a vida democrática presente, sem regressão, é preferível para as ações das lutas sociais, para a liberdade de expressão e para a ação intelectual e política de melhoria e transformação social. Aqui, portanto, afirmamos nossa firme defesa do estágio atual da nossa democracia, contra retrocessos.
2) Sabemos das deficiências da Lei, quase sempre vinculada à subjetividade dos que a aplicam, muitas vezes também comprometida com interesses econômicos e sociais. Mas, apesar dessas deficiências, a Constituição Brasileira tem garantido espaços de luta. Aqui, portanto, afirmamos a nossa firme defesa dessa Carta Magna, também contra retrocessos.
Essa defesa, em face de uma possível regressão do atual estágio da democracia e da Constituição, construídas de maneira custosa, depois dos anos obscuros da Ditadura Militar, não nos coloca sob a bandeira desse ou daquele partido específico, podendo cada um de nós escolher as suas preferências partidárias e seus caminhos de atuação política e social, direito que hoje a democracia garante.
Além dessa firme defesa contra o retrocesso institucional, conclamamos no presente momento todos os brasileiros a se posicionarem de forma não violenta em seu convívio com os divergentes, para que haja diálogo com argumentos e sensatez, respeito e tolerância.
Esperamos que os trabalhadores da Justiça tenham isenção e misericórdia, não se pensando que justiça possa ser alcançada por linchamentos midiáticos, que favorecem o ódio, nem pela aberta exceção legal.
Acima de tudo, ainda declaramos que uma vida social mais plena, transformadora e progressista dos brasileiros e dos povos do mundo se fará principalmente através da Educação. Uma Educação livre, plural – que ensine a pensar e não a obedecer, que ensine a agir com integridade e solidariedade.
Imagem do Manifesto público durante esta publicação, com os signatários retirados.
Fontes de Referência
- Publicação do Manifesto no Site da ABPE
- Publicação do Manifesto no perfil da ABPE no Facebook
- O Jornal GGN Repercurtindo o Tema
Comments